A prática esportiva oferece inúmeros benefícios à saúde física e mental, sendo recomendada em todas as fases da vida. No entanto, algumas modalidades, especialmente as de alto impacto ou contato, podem representar riscos à integridade ocular, e um dos problemas mais sérios que podem surgir nesse contexto é o descolamento de retina.
Embora não seja exclusivo dos atletas, o descolamento de retina é uma condição grave que pode levar à perda irreversível da visão se não for tratado a tempo. Para esportistas, principalmente aqueles que praticam boxe, artes marciais, futebol, basquete ou ciclismo, a atenção aos traumas oculares deve ser redobrada.
Neste artigo, você vai entender como o descolamento de retina ocorre, por que alguns esportes aumentam esse risco e quais medidas podem ajudar na prevenção e no diagnóstico precoce.
O que é o descolamento de retina?
A retina é uma membrana fina localizada na parte posterior do olho, responsável por captar a luz e converter os estímulos luminosos em sinais que serão enviados ao cérebro. Quando ocorre um descolamento, essa camada se separa da parede interna do globo ocular, interrompendo o fornecimento de oxigênio e nutrientes às células retinianas. Essa condição é uma emergência oftalmológica.
O descolamento pode ocorrer por diferentes causas, mas geralmente está associado a uma ruptura ou tração vítrea, que permite a entrada de fluido entre as camadas da retina, fazendo com que ela se descole.
Por que atletas estão em maior risco?
Embora qualquer pessoa possa desenvolver um descolamento de retina, atletas estão mais expostos devido a três fatores principais:
1. Traumas oculares diretos
Esportes de contato, como boxe, MMA, rugby e futebol, aumentam significativamente o risco de pancadas diretas no rosto ou nos olhos. Esses impactos podem provocar lacerações na retina ou alterações no vítreo (gel que preenche o interior do olho), favorecendo o surgimento de rupturas que levam ao descolamento.
2. Aumento da pressão intraocular
Em atividades que exigem força excessiva, como levantamento de peso ou mergulho em profundidade, pode haver um aumento súbito da pressão intraocular. Em pessoas predispostas (com miopia elevada, por exemplo), isso pode facilitar o descolamento da retina.
3. Lesões cumulativas e microtraumas
Mesmo que não haja um impacto evidente, a repetição constante de movimentos bruscos ou o esforço físico prolongado pode gerar microtraumas oculares que, ao longo do tempo, contribuem para alterações vítreo-retinianas.
Sinais de alerta: quando o atleta deve buscar ajuda?
O descolamento de retina geralmente não causa dor, o que pode dificultar o reconhecimento do problema nos estágios iniciais. Por isso, é essencial estar atento a sinais visuais que surgem de forma súbita ou incomum, como:
- Flashs de luz (fotopsias), especialmente em ambientes escuros;
- Aumento repentino de “moscas volantes” (pequenos pontos ou manchas que se movem no campo de visão);
- Sombra ou cortina escura em parte do campo visual;
- Embaçamento visual ou distorções.
Esses sintomas indicam que pode haver uma ruptura ou início de descolamento, exigindo avaliação imediata por um oftalmologista. Quanto mais precoce o diagnóstico, maiores as chances de recuperação da visão.
Esportistas com maior risco
Alguns atletas devem ser ainda mais cuidadosos com a saúde ocular, especialmente aqueles com:
- Miopia alta (graus acima de -6), a retina em olhos míopes é mais fina e suscetível à tração;
- Histórico familiar de descolamento de retina;
- Lesões oculares prévias;
- Cirurgias intraoculares anteriores, como a de catarata;
- Doenças oculares preexistentes, como retinopatia diabética ou uveíte.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico do descolamento de retina é feito por meio de exames oftalmológicos específicos, como mapeamento de retina e ultrassonografia ocular, especialmente quando há hemorragia vítrea.
O tratamento depende da gravidade e da extensão do descolamento, podendo incluir:
- Fotocoagulação a laser ou criopexia, em casos iniciais com apenas rupturas sem descolamento completo;
- Cirurgia de retinopexia pneumática (injeção de gás intraocular para reposicionar a retina);
- Vitrectomia (remoção do vítreo e reposição com gás ou óleo de silicone);
- Introflexão escleral (técnica que empurra a parede do olho contra a retina para selar a ruptura).
O fator tempo é determinante: quanto antes o tratamento for realizado, maior a chance de preservação da visão. Um descolamento central (que atinge a mácula) tratado tardiamente pode resultar em perda visual irreversível.
Prevenção: como proteger a visão no esporte?
A prevenção é a melhor aliada dos atletas. Algumas medidas simples, mas eficazes, incluem:
- Uso de óculos de proteção esportiva, principalmente em esportes de alto risco ocular, como squash, hóquei ou artes marciais;
- Capacetes com viseira, no caso de ciclismo, motociclismo ou esportes de velocidade;
- Evitar retornar rapidamente ao esporte após traumas oculares, mesmo que aparentemente leves;
- Exames oftalmológicos periódicos, especialmente para atletas com fatores de risco (miopia alta, histórico familiar, etc.);
- Acompanhamento especializado após qualquer cirurgia ocular ou sintoma visual incomum.
A conscientização dos atletas, treinadores e profissionais de saúde esportiva é fundamental para reconhecer os sinais precoces e garantir o encaminhamento rápido ao oftalmologista.
O descolamento de retina é uma condição séria, mas que pode ser tratada com sucesso quando diagnosticada precocemente. No universo esportivo, no qual os olhos estão mais expostos a riscos de impacto, é essencial manter cuidados redobrados com a saúde ocular.
Atletas devem estar atentos a qualquer sintoma visual incomum e buscar avaliação especializada sem demora. Além disso, o uso de equipamentos de proteção, exames oftalmológicos regulares e a valorização da prevenção são medidas essenciais para garantir que o desempenho nos esportes não comprometa um dos sentidos mais valiosos: a visão.
Seja amador ou profissional, todo atleta precisa lembrar que enxergar bem também é parte do jogo e a retina, embora discreta, pode fazer toda a diferença entre a vitória e a perda.
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