O descolamento de retina é uma das emergências oftalmológicas mais sérias e requer atenção imediata. A retina é uma fina camada de tecido na parte posterior do olho responsável por captar a luz e enviar as informações visuais ao cérebro. Quando ela se descola de sua posição natural, a visão fica comprometida e, se não houver intervenção rápida, pode ocorrer perda visual permanente.
A cirurgia para descolamento de retina é o principal tratamento para restaurar a anatomia ocular e evitar danos irreversíveis à visão. Existem diferentes técnicas cirúrgicas disponíveis, e a escolha depende de fatores como o tipo e a gravidade do descolamento, a idade do paciente e as condições gerais do olho.
Neste artigo, vamos explicar quais são os tipos de procedimentos para o descolamento de retina, quando eles são indicados, como funcionam e o que esperar da recuperação.
O que é o descolamento de retina?
O descolamento de retina ocorre quando essa camada sensível à luz se separa do tecido subjacente que a nutre, chamado epitélio pigmentar da retina. Sem o suprimento adequado de oxigênio e nutrientes, as células retinianas começam a morrer, resultando em perda visual progressiva.
Existem três tipos principais de descolamento de retina:
- Regmatogênico: o mais comum. Acontece quando há uma ruptura ou buraco na retina, permitindo a entrada de fluido que a separa do tecido subjacente.
- Tracional: geralmente associado a doenças como a retinopatia diabética, ocorre quando o tecido cicatricial puxa a retina para longe de sua posição normal.
- Exsudativo: causado por acúmulo de líquido sob a retina, sem rupturas, frequentemente ligado a inflamações ou tumores oculares.
Cada tipo pode exigir uma abordagem cirúrgica diferente para garantir o melhor resultado possível.
Quando a cirurgia é indicada?
A cirurgia para descolamento de retina é considerada urgência médica. Quanto mais rápido o tratamento for realizado, maiores as chances de recuperar a visão. A demora pode levar à morte das células fotorreceptoras, o que compromete a visão de forma irreversível.
Os principais sintomas que exigem avaliação imediata por um oftalmologista incluem:
- Flashes de luz (fotopsias);
- Surgimento repentino de moscas volantes (manchas ou pontos escuros na visão);
- Sombra ou “cortina” escura em parte do campo visual;
- Perda parcial ou total da visão.
Se o diagnóstico confirmar o descolamento de retina, a cirurgia costuma ser indicada o quanto antes.
Principais tipos de cirurgia para descolamento de retina
A escolha do procedimento depende de fatores como a localização e a extensão do descolamento, o tipo de retina afetada e o histórico do paciente. Os métodos mais comuns incluem:
1. Retinopexia Pneumática
A retinopexia pneumática é uma técnica menos invasiva, geralmente indicada para descolamentos de retina simples e localizados na parte superior do olho.
Como funciona:
- O cirurgião injeta uma pequena bolha de gás no vítreo (gel que preenche o interior do olho).
- Essa bolha pressiona a retina de volta à sua posição normal.
- Em seguida, aplica-se laser ou crioterapia (congelamento) ao redor da ruptura para selá-la.
O paciente precisa manter a cabeça em uma posição específica por alguns dias, para garantir que a bolha permaneça no local correto. Com o tempo, a bolha é absorvida naturalmente pelo organismo.
Vantagens:
Procedimento rápido, realizado em ambiente ambulatorial.
Menor tempo de recuperação inicial.
Limitações:
Indicado apenas para descolamentos menores e bem localizados.
Pode não ser eficaz em casos mais complexos.
2. Introflexão Escleral (Retinopexia com Faixa ou Placa)
Também conhecida como buckle escleral, essa técnica foi muito utilizada no passado e ainda tem indicações em determinados casos, especialmente em pacientes jovens.
Como funciona:
- O cirurgião coloca uma faixa de silicone ao redor do globo ocular.
- Essa faixa empurra a parede do olho contra a retina, fechando a ruptura e permitindo sua cicatrização.
- Pode ser associada a drenagem do líquido sub-retiniano, laser ou crioterapia.
Vantagens:
Altas taxas de sucesso em descolamentos regmatogênicos simples.
Pode ser utilizada em pacientes sem vítreo tracionando a retina.
Limitações:
Menos utilizada hoje devido ao avanço da vitrectomia.
Pode alterar o formato do olho, resultando em miopia em alguns casos.
3. Vitrectomia Posterior
A vitrectomia é o procedimento mais comum atualmente, especialmente para descolamentos complexos ou com tração vítrea.
Como funciona:
- Remove-se o vítreo, o gel que preenche o interior do olho e pode estar tracionando a retina.
- O cirurgião trata as rupturas com laser ou crioterapia.
- Um substituto temporário do vítreo, como gás ou óleo de silicone, é colocado para manter a retina no lugar enquanto cicatriza.
O gás é absorvido naturalmente ao longo das semanas, enquanto o óleo de silicone pode precisar ser removido em uma segunda cirurgia.
Vantagens:
Permite acesso direto à retina e tratamento de casos complexos.
Altas taxas de sucesso, especialmente quando realizado precocemente.
Limitações:
Maior tempo cirúrgico e recuperação mais lenta em alguns casos.
Pode induzir catarata em pacientes que ainda não realizaram sua cirurgia.
Pós-operatório e recuperação
A recuperação varia conforme o tipo de procedimento realizado, mas alguns cuidados são comuns a todos os casos:
- Posicionamento da cabeça: em cirurgias com uso de gás, o paciente deve manter a cabeça em posição específica por vários dias para que a bolha permaneça na área correta.
- Uso de colírios: são prescritos antibióticos e anti-inflamatórios para evitar infecções e reduzir a inflamação.
- Evitar esforços físicos: atividades que aumentem a pressão ocular devem ser evitadas nas primeiras semanas.
- Acompanhamento rigoroso: consultas de revisão são essenciais para monitorar a cicatrização e a pressão intraocular.
A visão pode levar semanas ou meses para melhorar, dependendo da gravidade do descolamento e do tempo entre o início dos sintomas e a cirurgia.
Prognóstico e importância do diagnóstico precoce do descolamento de retina
O sucesso da cirurgia de descolamento de retina depende de vários fatores, mas o tempo é determinante. Quanto mais cedo o descolamento for tratado, maiores as chances de preservar a visão. Se a mácula — região central da retina responsável pela visão detalhada — ainda não foi afetada, o prognóstico é muito melhor.
Por isso, qualquer sintoma suspeito deve levar a uma consulta urgente com o oftalmologista.
As cirurgias para descolamento de retina representam um grande avanço na oftalmologia moderna e podem salvar a visão de milhares de pessoas todos os anos. Com técnicas como a retinopexia pneumática, a introflexão escleral e a vitrectomia posterior, é possível tratar desde casos simples até os mais complexos.
No entanto, o sucesso depende, principalmente, da rapidez no diagnóstico e no tratamento. Conhecer os sintomas, buscar ajuda imediata e seguir as orientações médicas são passos essenciais para garantir o melhor resultado possível.
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