A visão é um dos sentidos mais preciosos do ser humano, e alterações na mácula — a região central da retina responsável pela visão de detalhes finos — podem causar sérios impactos na qualidade de vida. Um dos problemas que afetam essa área é o buraco macular, uma condição que pode comprometer a visão central de forma progressiva.
A boa notícia é que, nas últimas décadas, os avanços na cirurgia oftalmológica trouxeram grandes melhorias no tratamento dessa patologia, aumentando significativamente as taxas de recuperação visual.
Neste artigo, vamos explorar o que são os buracos maculares, como surgem, quais são os sintomas, e os avanços na técnica cirúrgica que hoje permitem tratar essa condição com excelentes resultados.
O que é um buraco macular?
O buraco macular é uma abertura pequena que se forma bem no centro da mácula, estrutura da retina responsável por nos permitir enxergar com nitidez, reconhecer rostos e ler. Essa abertura compromete diretamente a visão central, deixando o paciente com uma mancha, distorção ou embaçamento no ponto focal da visão.
Diferentemente da degeneração macular relacionada à idade (DMRI), o buraco macular é uma condição anatômica e muitas vezes cirurgicamente tratável. Ele pode se desenvolver de forma espontânea ou estar associado a traumas, alta miopia, cirurgias oculares anteriores ou membranas epirretinianas (tecidos finos que se formam na superfície da retina).
Causas e fatores de risco
Embora a origem exata nem sempre seja clara, a maioria dos casos está relacionada ao processo natural de envelhecimento do vítreo — o gel que preenche o interior do olho. Com o tempo, este pode se contrair e se desprender da retina. Quando essa separação provoca tração na mácula, pode acabar formando um buraco.
Os principais fatores de risco incluem:
- Idade acima dos 60 anos;
- Sexo feminino (maior incidência);
- Miopia alta;
- Traumas oculares;
- Cirurgias oculares anteriores;
- Presença de buraco macular no outro olho.
Sintomas mais comuns
Os sintomas do buraco macular costumam surgir de forma gradual. Inicialmente, o paciente pode notar leve distorção na visão central, mas com o avanço da abertura, a perda de nitidez e a dificuldade para enxergar detalhes se tornam mais evidentes.
Os principais sinais incluem:
- Distorção de linhas retas (metamorfopsia);
- Manchas escuras no centro da visão;
- Visão central borrada;
- Dificuldade para leitura ou reconhecimento facial;
- Redução progressiva da acuidade visual.
Vale destacar que a visão periférica geralmente permanece preservada, o que ajuda na locomoção e atividades cotidianas, mesmo nos estágios mais avançados.
Diagnóstico
O diagnóstico do buraco macular é realizado pelo oftalmologista, geralmente por meio de exame clínico com mapeamento de retina e, principalmente, com a Tomografia de Coerência Óptica (OCT). Este exame de imagem de alta resolução permite visualizar em detalhes as camadas da retina e confirmar a presença, o tamanho e a profundidade do buraco. Ele também é fundamental para o planejamento do tratamento e para o acompanhamento pós-operatório.
Tratamento cirúrgico: vitrectomia e os avanços recentes.
O tratamento de escolha para o buraco macular é a vitrectomia, um procedimento cirúrgico altamente especializado. Durante a cirurgia, o oftalmologista retira o vítreo (gel vítreo) que está puxando a mácula, permitindo que as bordas do buraco se aproximem e cicatrizem.
Além da remoção do vítreo, o cirurgião frequentemente realiza o seguinte:
- Peeling da membrana limitante interna (MLI): remoção cuidadosa de uma membrana microscópica na superfície da retina para reduzir a tração e favorecer o fechamento do buraco.
- Tamponamento com gás intraocular: um tipo especial de gás é injetado dentro do olho ao final da cirurgia, funcionando como um curativo interno que pressiona a mácula para promover a cicatrização.
Avanços importantes:
Microincisões e menor trauma ocular
Atualmente, a vitrectomia é feita com instrumentos cada vez mais finos (de 27G, por exemplo), o que permite incisões menores, menos inflamação e recuperação mais rápida.
Técnicas aprimoradas de peeling da MLI
O uso de corantes seguros e técnicas microcirúrgicas mais precisas têm aumentado as taxas de sucesso no fechamento dos buracos maculares, mesmo nos casos mais complexos.
Uso de gás expansível de longa duração
Tipos modernos de gás intraocular, como C3F8, permanecem mais tempo no olho e aumentam a chance de cicatrização completa, permitindo um menor tempo de repouso.
Cirurgias sem necessidade de posição face para baixo
Em alguns casos, novos protocolos permitem que o paciente não precise permanecer na desconfortável posição “de bruços” no pós-operatório, facilitando a recuperação e a adesão ao tratamento.
Abordagens personalizadas para casos avançados
Em buracos maculares grandes ou crônicos, técnicas como o transplante de membrana amniótica ou o uso de “flaps” da própria retina têm sido testadas com resultados promissores.
Prognóstico e recuperação
A taxa de sucesso na fechadura do buraco macular ultrapassa 90% na maioria dos casos tratados cirurgicamente. Quanto menor e mais recente for o buraco, maiores são as chances de recuperação visual.
O pós-operatório exige alguns cuidados importantes:
- Repouso conforme orientação médica;
- Posição adequada da cabeça (quando recomendada);
- Uso correto de colírios antibióticos e anti-inflamatórios;
- Acompanhamento rigoroso com o oftalmologista.
Mesmo após a cicatrização anatômica, a melhora da visão pode levar semanas ou meses. Em alguns casos, pode haver recuperação parcial, mas suficiente para melhorar consideravelmente a qualidade de vida do paciente.
O buraco macular, embora seja uma condição séria e que compromete a visão central, tem tratamento eficaz graças aos avanços na cirurgia oftalmológica. A vitrectomia moderna, com técnicas cada vez menos invasivas e mais precisas, tem oferecido excelentes resultados tanto em termos anatômicos quanto funcionais.
A chave para o sucesso está no diagnóstico precoce e na intervenção rápida. Por isso, qualquer alteração na visão central, por menor que pareça, deve ser investigada com um oftalmologista. A tecnologia está ao nosso favor, e quanto antes o tratamento for realizado, maiores são as chances de preservar ou restaurar a visão.
Se você ou alguém próximo apresenta sintomas como visão borrada, distorcida ou manchas no centro da visão, não espere. Agende uma avaliação oftalmológica e cuide da sua saúde ocular com a atenção que ela merece.
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