A catarata é uma das principais causas de perda visual no mundo, mas felizmente também é uma das condições mais tratáveis. Com o avanço da tecnologia, a cirurgia de catarata tornou-se um procedimento rápido, seguro e com excelentes resultados, permitindo que milhões de pessoas recuperem a visão e a qualidade de vida todos os anos.
Se você ou alguém próximo recebeu o diagnóstico de catarata, é natural ter dúvidas sobre como a cirurgia funciona, quais são as opções de lentes intraoculares e como é o período de recuperação. Neste artigo, vamos explicar tudo de forma detalhada e acessível.
O que é a catarata?
A catarata ocorre quando o cristalino, a lente natural do olho, fica opaco. Normalmente, ele é transparente e permite que a luz passe e seja focalizada na retina, possibilitando uma visão nítida.
Com o tempo, principalmente devido ao envelhecimento, essa lente pode perder a transparência, causando visão embaçada, dificuldade para enxergar à noite, sensibilidade à luz e até mudanças frequentes no grau dos óculos.
Apesar de ser mais comum em pessoas acima dos 60 anos, a catarata também pode ocorrer em indivíduos mais jovens, em casos de traumas oculares, uso prolongado de corticoides, doenças sistêmicas como diabetes ou até de forma congênita, quando já está presente no nascimento.
Quando a cirurgia é indicada
No passado, os médicos recomendavam esperar a catarata “amadurecer” antes da cirurgia. Hoje, com as técnicas modernas, essa espera não é mais necessária. O procedimento é indicado quando a perda visual começa a afetar as atividades diárias, como ler, dirigir ou trabalhar.
Em alguns casos, a cirurgia também pode ser recomendada mais cedo, por exemplo, quando a catarata impede o acompanhamento de outras doenças oculares, como o glaucoma ou a retinopatia diabética.
Como funciona a cirurgia de catarata
A cirurgia de catarata consiste basicamente em remover o cristalino opaco e substituí-lo por uma lente intraocular (LIO) transparente, que assume a função óptica do cristalino natural.
O procedimento é, na maioria dos casos, rápido, seguro e realizado sob anestesia local, com o paciente acordado, mas sem sentir dor. Em geral, dura entre 15 e 30 minutos e não requer internação: o paciente pode voltar para casa no mesmo dia.
A técnica mais utilizada atualmente é a facoemulsificação, que funciona assim:
- É feita uma pequena incisão na córnea, de aproximadamente 2 a 3 milímetros.
- O cirurgião utiliza um aparelho de ultrassom para fragmentar e aspirar o cristalino opaco.
- Em seguida, a lente intraocular dobrável é inserida no lugar, abrindo-se dentro do olho e ficando bem posicionada.
Como as incisões são muito pequenas, normalmente não há necessidade de pontos e a recuperação costuma ser rápida.
Tipos de lentes intraoculares (LIOs)
Uma das principais decisões antes da cirurgia é a escolha da lente intraocular. A tecnologia atual oferece várias opções, e a escolha deve levar em conta as necessidades visuais, o estilo de vida e as características individuais do paciente.
Os principais tipos são:
1. Lentes Monofocais
São as mais utilizadas no Sistema Único de Saúde (SUS) e em muitos planos de saúde. Elas corrigem a visão para uma única distância, geralmente para longe. Assim, após a cirurgia, o paciente costuma precisar de óculos para leitura e visão próxima.
2. Lentes Tóricas
Indicadas para quem tem astigmatismo, essas lentes corrigem simultaneamente a catarata e o grau cilíndrico, proporcionando melhor qualidade visual sem depender tanto dos óculos.
3. Lentes Multifocais
Permitem enxergar bem para perto, intermediário e longe, reduzindo bastante, e em alguns casos eliminando, a necessidade de óculos após a cirurgia. São ideais para pessoas que desejam maior independência dos óculos, embora possam não ser indicadas para todos os casos.
4. Lentes de Foco Estendido (EDOF)
São uma evolução das multifocais, oferecendo boa visão em diferentes distâncias, mas com menos risco de causar halos e brilho noturno, efeitos colaterais que podem ocorrer em algumas lentes multifocais.
A escolha da lente deve ser feita em conjunto com o oftalmologista, após uma avaliação detalhada da saúde ocular e das expectativas do paciente.
Recuperação após a cirurgia
Uma das vantagens da cirurgia de catarata moderna é a recuperação rápida. A maioria dos pacientes já percebe melhora da visão nas primeiras 24 a 48 horas, e a cicatrização completa ocorre em algumas semanas.
Durante o período pós-operatório, é importante seguir corretamente as orientações médicas, que geralmente incluem:
- Uso de colírios antibióticos e anti-inflamatórios para prevenir infecções e acelerar a cicatrização.
- Evitar coçar ou pressionar o olho operado, principalmente na primeira semana.
- Proteger os olhos com óculos escuros ao sair de casa, pois eles podem ficar mais sensíveis à luz.
- Evitar atividades físicas intensas, piscinas e ambientes com poeira durante os primeiros dias para reduzir o risco de complicações.
A visão tende a melhorar progressivamente, e a maioria das pessoas pode retomar a rotina normal em poucos dias, incluindo trabalho e leitura.
Resultados e benefícios
A cirurgia de catarata é considerada uma das cirurgias mais seguras e eficazes da medicina, com altos índices de sucesso. A grande maioria dos pacientes experimenta melhora significativa da visão, podendo inclusive corrigir erros refrativos como miopia, hipermetropia e astigmatismo, dependendo da lente escolhida. Além disso, recuperar a visão impacta diretamente a qualidade de vida, trazendo mais independência, segurança e bem-estar.
A cirurgia de catarata representa uma verdadeira transformação para quem sofre com a perda visual causada pela opacificação do cristalino. Com técnicas modernas, lentes intraoculares avançadas e recuperação rápida, o procedimento oferece não apenas a chance de voltar a enxergar com clareza, mas também de reduzir a dependência de óculos em muitos casos.
Se você recebeu o diagnóstico de catarata, converse com seu oftalmologista sobre as opções disponíveis. O tratamento precoce e bem planejado pode fazer toda a diferença para recuperar a visão e aproveitar melhor a vida.
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