Quando falamos sobre doenças da retina, muitas pessoas logo pensam em condições como a retinopatia diabética ou a degeneração macular relacionada à idade. No entanto, existem outras alterações retinianas menos conhecidas, mas igualmente importantes e potencialmente prejudiciais à visão: as membranas epirretinianas e os buracos maculares. Ambas afetam uma área crucial da retina, a mácula, responsável pela visão central e pelos detalhes finos, e podem comprometer significativamente a qualidade de vida visual.
Embora sejam doenças distintas, existe uma relação direta entre essas duas condições, especialmente no que diz respeito à sua origem, evolução e tratamento. Neste artigo, vamos explorar o que são as membranas epirretinianas e os buracos maculares, como se desenvolvem, quais os sintomas e quando é necessário tratar. Além disso, explicaremos por que essas duas patologias muitas vezes caminham juntas.
O que é a mácula e por que ela é tão importante?
A mácula é uma pequena região localizada no centro da retina, responsável por funções visuais críticas como leitura, reconhecimento de rostos, percepção de cores e visão de detalhes. Quando essa região é afetada por alterações estruturais ou degenerativas, a visão central se torna comprometida, impactando diretamente a capacidade funcional do paciente.
O que são as membranas epirretinianas?
A membrana epirretiniana (MER), também conhecida como membrana sobre a mácula ou pucker macular, é uma fina camada de tecido fibroso que se forma sobre a superfície da retina, especificamente sobre a mácula.
Essa membrana pode surgir espontaneamente com o envelhecimento (forma idiopática), mas também pode estar associada a condições prévias como:
- Descolamento do vítreo posterior;
- Cirurgias oculares;
- Inflamações intraoculares (uveítes);
- Retinopatia diabética;
- Trauma ocular.
A formação dessa membrana faz com que ela se contraia e cause tração sobre a mácula, resultando em distorções da retina. Com isso, o paciente pode perceber a visão embaçada, distorcida (metamorfopsia) e, em casos mais avançados, perda de nitidez.
O que é o buraco macular?
O buraco macular é uma condição caracterizada por uma abertura ou rompimento na mácula, geralmente causada por tração vítreo-macular — quando o vítreo (gel que preenche o interior do olho) se adere anormalmente à retina e exerce força sobre ela.
Esse buraco pode ter origem espontânea, especialmente em pessoas acima dos 60 anos, mas também pode ocorrer em associação com:
- Membranas epirretinianas;
- Traumas oculares;
- Altas miopias;
- Inflamações;
- Cirurgias anteriores.
Os sintomas típicos incluem visão central turva, distorcida ou com uma “mancha” central escura, além da dificuldade em ler ou reconhecer rostos.
Como as membranas epirretinianas e os buracos maculares se relacionam?
A relação entre membranas epirretinianas e buracos maculares está principalmente associada ao comportamento mecânico da retina e do vítreo. Quando uma membrana epirretiniana se forma e se contrai, ela pode exercer tração sobre a mácula, provocando distorções ou mesmo o rompimento da estrutura retiniana — resultando em um buraco macular.
Além disso, em alguns casos, o buraco macular pode se fechar espontaneamente, mas permanece uma membrana epirretiniana residual, que pode distorcer a retina e comprometer a recuperação visual.
Por outro lado, em pacientes com membrana epirretiniana já diagnosticada, a progressão da tração e espessamento da mácula pode levar à formação secundária de um buraco.
Em resumo: a presença de uma membrana epirretiniana pode predispor ao desenvolvimento de um buraco macular, e vice-versa — o que torna fundamental o acompanhamento oftalmológico regular em ambos os casos.
Diagnóstico das condições
Tanto as membranas epirretinianas quanto os buracos maculares podem ser detectados por meio de um exame de fundo de olho realizado por um oftalmologista. No entanto, a forma mais precisa para confirmar o diagnóstico e avaliar a extensão do dano é a tomografia de coerência óptica (OCT).
O OCT permite visualizar em alta resolução as camadas da retina, detectar tração, espessamento, buracos, fluídos e alterações sutis que não são visíveis a olho nu.
Quando é necessário operar?
Nem todos os casos de membrana epirretiniana ou buraco macular precisam de cirurgia imediata. A decisão depende de fatores como:
- Intensidade dos sintomas;
- Comprometimento da visão;
- Evolução do quadro ao longo do tempo;
- Atividades profissionais e cotidianas do paciente.
Tratamento cirúrgico – Vitrectomia
Quando o tratamento é indicado, a principal abordagem é a vitrectomia pars plana, um procedimento cirúrgico que remove o vítreo (gel ocular) e, quando necessário, retira a membrana epirretiniana e trata o buraco macular.
Durante a cirurgia, o cirurgião pode aplicar uma solução de gás intraocular, que funciona como um “curativo” interno para ajudar a fechar o buraco. Após o procedimento, pode ser necessário manter o rosto voltado para baixo por alguns dias, para que o gás pressione adequadamente a mácula.
A taxa de sucesso cirúrgico é alta, principalmente em buracos pequenos e diagnosticados precocemente. Já no caso das membranas, a cirurgia pode aliviar a tração e melhorar a visão, mas nem sempre a acuidade visual volta ao normal, especialmente em casos de longa duração.
Pós-operatório e prognóstico
A recuperação visual após a cirurgia pode ser gradual e levar semanas a meses. Fatores que influenciam o resultado final incluem:
- Tempo de evolução da doença;
- Tamanho do buraco macular;
- Grau de distorção retiniana causada pela membrana;
- Presença de outras doenças oculares (como degeneração macular ou retinopatia diabética).
Quanto mais cedo o diagnóstico e a intervenção, melhores são as chances de recuperação visual significativa.
As membranas epirretinianas e os buracos maculares são doenças que afetam a mácula e compartilham uma estreita relação em termos de origem e progressão. Ambas podem comprometer severamente a visão central e, por isso, exigem diagnóstico precoce e acompanhamento especializado.
Se você está percebendo distorções visuais, dificuldade para ler, embaçamento persistente ou manchas centrais no campo visual, procure um oftalmologista especialista em retina. Por meio de exames específicos como o OCT, é possível identificar alterações precoces e planejar o tratamento mais adequado — evitando a perda permanente da visão.
Cuidar da saúde da mácula é fundamental para preservar a qualidade de vida, principalmente com o avanço da idade. Não ignore os sinais do seu corpo: a prevenção e o acompanhamento são as melhores armas contra as doenças da retina.
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